Por Eivair Sued Selva
Tu não terás, CECILIA, mil vestidos
A moldurarem teu corpo na primavera
Ou cobrir-te nos invernos desabridos
Só furada flanela
A moldurarem teu corpo na primavera
Ou cobrir-te nos invernos desabridos
Só furada flanela
Não irás cobrir teu frágil seio
Nas noites solitárias pela rua
Nem a cicatriz no rosto feio
Na minguante lua
Nas noites solitárias pela rua
Nem a cicatriz no rosto feio
Na minguante lua
Não terás que comer os jovens ratos
Salgar as cicatrizes das sovas
O lixo e a pedra serão teus pratos
As sarjetas tuas alcovas
Salgar as cicatrizes das sovas
O lixo e a pedra serão teus pratos
As sarjetas tuas alcovas
Não irás namorar brancos ricaços
De becas novas de famosa grife
Nem mesa posta , pão e vinho
Fel da boca vomite
De becas novas de famosa grife
Nem mesa posta , pão e vinho
Fel da boca vomite
Terás em volta da rançosa vela
Fartos negrumes de enjeitados filhos
Dar-me-ás teu sexo imundo
Até sangrar teus mamilos
Fartos negrumes de enjeitados filhos
Dar-me-ás teu sexo imundo
Até sangrar teus mamilos
Enquanto removem seus corruptos
Tu nos trarás cobertas quentinhas
Tendo as fotos da máfia estampada
E o rosto das santinhas
Tu nos trarás cobertas quentinhas
Tendo as fotos da máfia estampada
E o rosto das santinhas
Terás em baixa luz a miragem fosca
Eu sendo que lhe dá o parco sustento
Cansado beberei o gim de borco
Junto ao cão sarnento
Eu sendo que lhe dá o parco sustento
Cansado beberei o gim de borco
Junto ao cão sarnento
Se continuares fingindo a dormida
CECILIA, já não lhe sinto a quentura
Diluvio podre, infame avenida
A tua sepultura
CECILIA, já não lhe sinto a quentura
Diluvio podre, infame avenida
A tua sepultura