segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Revisitando Quintana

Uma formiguinha passeava de lado a lado na tela do laptop, e naquela tarde ele não escreveria nada, como se por ali passara todo o frêmito e mistério da vida, porém... Uma mosca espantou a formiga, ele esmagou a mosca com o polegar, manchou a tela e seu poema quebrou o pé e perdeu asas.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Saudade





Saudade...
não dos mortos
fato consumado.


Nem dos vivos
talvez...um dia.


A pior saudade...
é aquela que sentimos de nós.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Brasilis

NA: DEDICO ESTE PREMIO a MEUS PAIS 'IN memorian" joão de deus alves e maria vieira, ele por ensinar-me a ler as estrelas e a ela por me dar a luz e inocular em mim o amor pelas letras. primeiro lugar dentre mais de 300 poemas no iv concurso de poesia de eldorado do sul.   gracias a diós.






















Brasilis

Indigena nativo,
Sem fé, sem rei, nem lei.

Preto recém-liberto,
Pão prá cumê, pano prá vesti, pau prá trabáia.

Branco europeu,
Descobridor, explorador,  senhor.

Três raças
Reservas, guetos,palácios.

Caboclos brasileiros
Batizados, súditos, presos.

Mulatos inzoneiros,
Famélicos, andrajosos, vileiros.

Cafuzos desbotados
Invisíveis, cotistas, julgados.

Pindorama. Terra das Palmeiras

Império. Ditadura

Democracia maculada

BRASIL, meu país!  







quarta-feira, 14 de dezembro de 2016


Texto







HERANÇA



Ventava , como ventava
O  frio do amanhecer é um punhal
Invadindo o barraco ínfimo.
João aos sobressaltos pula do catre
Olha candidamente o filho ressonante
No berço de madeira carcomida,
Agarrado ao ursinho de pelúcia,
Presente  dum Papai Noel de outrora

Veste devagar, o fardamento
Apanha o capote-cobertor
Passando o guri prá junto da mãe
 Sob a luz bruxeleante d’uma vela
Dissipa n’agua restos de sonhos.
Maria dorme, grávida, oito meses
Companheira de todas as horas
Faxineira a ajudar na renda familiar

No ônibus  os pensamentos fluem
Talvez  uma “Golfinho” no fim do ano
Como?  Se o comportamento não ajuda.
Por causa de um “bico “ que fez
Prá comprar comida e remédio.
A lista está quase pronta,
E com certeza ,será preterido de novo

A Brigada,está no sague há trinta  anos
Desde piá, nas filas da subsistência
Comprando com “bônus” gêneros a mais,
Azeite, açucar, café, e farinha
Para fazer “”touro”, e o  vício do pai

Seus antepassados que á espada e de a cavalo
Tombaram no chão pátrio do Rio Grande.
Estórias do avô, que nos tempos de Getúlio
Empunhou armas prá defender poderes
Do própio pai, sem soldo no fim do mês.
Brigadianos de estirpe, sempre de fronte erguida
Bravura impar,  orgulhosos de vestir uma  farda

Entra correndo no Batalhão
No parque de armas, retira o armamento
Embarca junto com seu Pelotão
Em um dos caminhões estacionados
Sua missão : Reintegração de posse
Numa fazenda improdutiva

Outro Pelotão terá missão de rotina
Na zona urbana., lixões e favelas.
Ambas tarefas  transcorrem, com êxito.
Descansar e rever a família
É bálsamo sagrado,  é direito,
No caminho de volta, pára no boteco
Compra fiado, cachaça , balas e pão
Mesmo com a farda encharcada
Assobia, canta até, resignado.

Porém... sempre há um porém
Ao dobrar a esquina, para de chofre!
No lusco-fusco da noite que se avizinha
Mal crê no que a vista enxerga.
O que fora um aglomerado de barracos
Não passa de um monturo de escombros
Botado a baixo pela Administração Popular

A sombra de um vulto destaca-se,
Tal qual uma Madona de trapos,
Maria sentada, guri no colo
Olhar perdido no vazio, em choque
João  chora copiosamente, o sal das lágrimas
Sulcam o rosto, esculpido em granito de ébano
Quem desaloja sem-terra, é despejado e vira sem-teto.

Um raio risca o horizonte
No breve clarão,de um raio, revela a  placa de prata
Quase submergida, em meio aos despojos
“Honra ao mérito por bravura”
JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES