terça-feira, 17 de abril de 2018

Autobiografia de um futuro Escritor (Que talvez um dia venha ser)







Fragmento Um

O cheiro das flores de laranjeira, é das fragrâncias que me persegue e do nada invade minhas memórias, não,não é trauma de infância, por ter sido abandonado num tonel de lixo de um restaurante luxuoso dos avós, ou ter nascido no quintal de casa, sob o pé de laranjeira, os trilhos, o mormaço, a roupa larga e os sapatos velhos, a trouxa de roupa, os olhos mansos na dadivosa bonomia, preparando o material escolar cerzindo o uniforme puído, bolo de milho e o suco ralo, o primeiro acróstico escrito na classe com o nome da musa invisível que estudava pela manhã que apaixonou-se e casou com meu colega tímido, espinhento, óculos fundo de garrafa,cu de ferro, rico prá caralho, agora entendo porque ele ficava arrumando o material e saía depois de mim, ele assinava o acróstico aquele corno.as manhã frias, nevoentas, em que fiz poemas por encomenda, a troco de cigarro e lanche, os anos de chumbo, compartilhando pão e apitos, apressados, cúmplices, libertários, feridos,idealistas ,amantes, sonhadores,junto a fogueirinha de papel, vinagre e pano umedecido na mochila, a praia da rua e a alfândega da praia, Sorria cara estou apenas Sangrando, novas pessoas e outros pesares,sigamos... o cheiro de mijo,mofo e roupas velhas, sufoco, cadê o guri que tava aqui, não sei seu policia, paft ressoa o tapa na cara da puta , o estrado da cama pressionando as costelas, sangue nas mão, tremor nos lábios, pulsos cortado, encefalograma,desajuste, Pequenos espectros esgueiram-se pelos bueiros, buracos sob os viadutos, no exame minucioso, vê-se, apesar da osmose, que não são ratazanas, porém crianças que perambulam pela cidade,São os filhos de ninguém, órfãos de pais vivos, dormem em sarjetas, valetas, sem o colo das mães, repartem o lixo-comida, junto a sarna dos cães, eles chegam, dos becos, dos guetos, moleques esqueletos, das ruas, vielas, formam nova família, cheiram cola, fumam maconha, cantam e batucam. Sócios no vicio. Crianças... apenas! Pneus irresponsáveis e doenças que surgem do nada levam as referências, saudade não dos mortos, fato consumado, nem dos vivos, talvez um dia..., Pior é aquela que sentimos de nós.