- INTRODUÇÃO
“Saudosa
Maloca” é composta na linguagem coloquial,com alguns erros de português, que veremos adiante , se
proposital ou não, tradição literal do
bairros Paulistanos que tem grande influência em seu linguajar, face o aporte
de grande levas de imigrantes de origem italiana, onde um morador do bairro
pede licença a um senhor para contar a história dali onde se situa aquele
edifício (arranha-céu), foi um dia a moradia de vários amigos, que de repente o
poder público, mandou derrubar e construir um prédio moderno. A dor sentida
deste morador sendo contada vem à lembrança dos amigos, da felicidade sentida
quando estavam sob o mesmo teto. Mesmo tendo construído “um palacete”, o
terreno não era deles. Há uma construção poética, em que o desmoronamento das
paredes leva um pouco de cada um junto, um dos parceiros de infortúnio quer
revoltar-se, mas é impedido pelo narrador, e o apelo de um dito popular (“Deus dá o frio, conforme o cobertor”),
lembra-nos que somos capazes de superar as vicissitudes e adversidades. E nos
tempos atuais, mesmo dormindo ao relento, a lembrança é algo que não perdemos e
a saudade pode ser revivida e cantada.
- DESENVOLVIMENTO
A. Quem é Adoniram Barbosa
Adoniran Barbosa (1912-1982) foi um cantor e
compositor brasileiro. "Saudosa Maloca" foi seu primeiro sucesso como
compositor. "Trem das Onze" é mais uma de suas músicas que retrata o
cotidiano das camadas mais pobres da população urbana.
Adoniran Barbosa (1912-1982) nasceu em Valinhos, São
Paulo, no dia 6 de agosto de 1912. Filho de imigrantes italianos, Ferdinando e
Emma Rubinato ainda jovem muda-se com a família para Jundiaí. Em 1924 vão para
Santo André, na grande São Paulo, onde começa a trabalhar para ajudar a
família. Aos 22 anos vai para São Paulo, onde se emprega como vendedor de
tecidos.
Na capital paulista participa de programas de calouros no
rádio. Seu nome verdadeiro é João Rubinato, mas adota o pseudônimo de Adoniran
Barbosa. Adoniran, nome de seu melhor amigo, e Barbosa em homenagem ao cantor
Luís Barbosa, seu ídolo. Em 1934, com a marcha "Dona Boa", feita em
parceria com J. Aimberê, que conquista o primeiro lugar no concurso
carnavalesco promovido pela prefeitura de São Paulo.
Em 1941 é convidado para atuar na Rádio Record, onde
trabalhou por mais de trinta anos como ator cômico, discotecário e locutor. Em
1955 compõe o primeiro sucesso, "Saudosa Maloca" (1951), gravado pelo
conjunto Demônios da Garoa. Em seguida lança outras músicas, como "Samba
do Arnesto" (1953), "Abrigo de Vagabundo" (1959) e a famosa
"Trem das Onze" (1964).
Em suas obras,
retrata o cotidiano das camadas pobres da população urbana e as mudanças
causadas pelo progresso. Para isso, faz uso da maneira de falar dos moradores
de origem italiana de alguns bairros paulistanos, como Barra Funda e Brás. Uma
de suas últimas composições foi "Tiro ao Álvaro", gravada por Elis
Regina em 1980.Adoniran Barbosa morreu em São Paulo no dia 23 de novembro de 1982. Os três
discos levam apenas o nome Adoniran. Adoniran Barbosa morreu em 23 de novembro
de 1982, aos 72 anos, pobre e quase esquecido. No momento de sua morte estavam
presentes apenas sua mulher, Matilde Luttif, e uma irmã dela. Boêmio, com
direito a mesa cativa no salão principal do Bar Brahma, um dos mais
tradicionais de São Paulo, Adoniran passou os últimos anos de sua vida triste,
sem entender o que tinha acontecido à sua cidade. "Até a década de 60, São
Paulo ainda existia, depois procurei mas não achei São Paulo. O Brás, cadê o
Brás? E o Bexiga, cadê? Mandaram-me procurar a Sé. Não achei. Só vejo carros e
cimento armado." .
B.
Saudosa Maloca - Música e
Cifra
Imagine-se numa rua do Brás, do Bixiga, ou outro bairro
da cidade São Paulo, imagine-se
contemplando um arranha-céus, imagine-se nos anos 50 do século XX, e o
crescimento avassalador, o progresso, o velho sendo derrubado,demolido, dando
lugar ao novo.
Imaginou?
Pois bem, respire, inspire, esqueça o barulho dos carros,
o bonde, o moleque esganiçado vendendo jornais, o bate estacas, esvazie a
mente, e vá aos poucos envolvendo-se, e de forma lúdica, permita-se ao
devaneio, enquanto um senhor de voz rouca, acerca-se e para ao seu lado,
pigarreando , com um cigarro apagado á mão, chapéu displicentemente e
propositalmente torto na cabeça, um terno amarfanhado, e um indefectível
bigodinho, e começa a cantarolar e contar a estória do lugar com um saudosismo.
Para efeito deste trabalho resolvi analisar a letra em
cinco partes;
Parte I – Informação ao
Passante
A personagem da música, informa ao Senhor que admirado
contempla o edifício alto, que antes, naquele lugar havia uma casa velha, um
sobrado típico ,de madeira ,construções estas que sobressaiam, nos bairros
paulistanos com predominância de imigrantes italianos.
( F E Am G F E Am E )
Am E7 Am
Se o senhor não tá lembrado
E7 Am
Dá licença de contar
A7 Em7(5-)
Que aqui onde agora está
A7 Em7(5-)
Esse adifício alto
A7 Em7(5-)
Era uma casa velha
A7 Dm
Um palacete asobradado
Parte
II – A Demolição
O tratamento cerimonioso do começo,
é relegado , e o narrador, busca a intimidade com o interlocutor ,o “senhor” da abordagem inicial, passa a
ser “seu moço” , e como jovem deve
ouvir a estória daquele lugar, o narrador solitário busca a companhia de outros
dois companheiros ( Mato Grosso e o Joca) um emigrante , oriundo de outro
Estado da Federação do qual tomou o nome, e o Joca , um dos tantos
joão-ninguém, que a cidadae abriga, unem forças e constroem sua “maloca” . Porém o pior dia da vida
deles, foi quando o dono do terreno, manda botar abaixo o casebre.
Foi aqui seu moço
Am
Que eu Mato Grosso e o Joca
B7 E7
Construimos nossa maloca
A7
Mais um dia
Dm
Nem quero me lembrá
Am
Veio os home com as ferramentas
E7 Am
O dono mandô derrubá
E7 Am
Parte
III - O Despejo
Mal tiveram tempo de pegar “todas” as
suas coisas, que para que não possuí quase nada é tudo. E foram literalmente para
o “meio da rua” ,apreciar a demolição, e cada tábua que caía, era um punhal
cravando no coração deles.
Peguemo tudo nossas coisas
A7
E fumos pro meio da rua
Dm
Apreciá a demolição
Am
Que tristeza que nos sentia
B7
Cada táuba que caía
E7
Duia no coração
Parte IV – Revolta,
Resignação e Recomeço
Nesta parte da música, Mato Grosso,
mostrou sua revolta, e faz menção de protestar contra aquela ação, porém é
interrompido pelo narrador, que se resignando e faz ver aos demais, que nem
tudo está perdido, e podem recomeçar em outro lugar, mas o conforto vem mesmo,
quando Joca, afirma: “ Deus dá frio,
conforme o cobertor”.
Mato Grosso quis gritá
Am
Mas encima eu falei:
A7
Os homens tá coa razão
Dm
Nós arranja outro lugá
Am
Só se conformemo quando o Joca falou :
B7 E7
"Deus da o frio conforme o cobertor"
Parte
V – Esquecimento e Lembrança
O refrão, o narrador informa que não
construíram uma “nova maloca” ,
dormem ao relento, na grama, e para esquecer. Esquecer!?, eles cantam a saudade
de dias felizes que outrora viveram.
Dm
Dm Am
E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim
B7 E7 Am
E prá esquecê nóis cantemos assim:
Dm Am
Saudosa maloca, maloca querida dim dim
F E Am
Donde nóis passemos dias feliz de nossa vida.
C.
O
desvio da norma culta – Erro de Português como estilo
Ele achava que João Rubinato
não era nome de cantor de samba. Resolveu mudar. De um amigo pegou emprestado
Adoniran e, em homenagem ao sambista Luiz Barbosa, adotou seu sobrenome. Foi
assim que Adoniran Barbosa tornou-se um dos maiores nomes do cancioneiro
popular brasileiro e uma das mais importantes vozes da população
ítalo-paulistana.Filho de imigrantes italianos, abandonou os estudos ainda no primário
para trabalhar. Foi tecelão, balconista, pintor de paredes e até garçom.
A maneira de compor sem se preocupar com a grafia correta tornou-se sua maior
característica e lhe rendeu críticas de gente como o poeta e compositor
Vinícius de Moraes. Adoniran não deu importância às declarações de Vinícius,
tanto que musicou uma poesia do escritor carioca transformando-a na valsa
"Bom Dia, Tristeza".
Às críticas que recebia
Adoniran rebatia: "só faço samba pra povo. Por isso faço letras
com erros de português, porquê é assim que o povo fala. Além disso, acho que o
samba, assim, fica mais bonito de se cantar."
O impulso na carreira de
compositor veio em 1951, quando o conjunto Demônios da Garoa saiu premiado do
Carnaval paulista com o samba "Malvina", de sua autoria. No ano
seguinte, eles repetiram o feito, agora, com a criação de Adoniran Barbosa e
Osvaldo Moles, "Joga a Chave". Começava ai mais uma parceria de anos
na vida do compositor.
As pequenas crônicas da vida
paulistana criadas por Adoniran com sotaque peculiar, resultado da fusão das
várias raças que escolheram a capital paulista como morada, tornaram-se
conhecidas em todo Brasil
na interpretação dos Demônios da Garoa. "Saudosa Maloca", que o
próprio autor havia gravado sem sucesso em 1951, foi registrada por eles em
1955 e gravada por Elis Regina nos anos 70. Em 2000, foi escolhida pela
população de São Paulo, em um concurso organizado pela Rede Globo, como a
música que mais representa a cidade..
Muitas são as
possíveis definições para aquilo que se costuma chamar, simplesmente, de
Estilística. Definições, estas, mais abrangentes, ou mais restritivas;
definições que se somam ou que se opõem umas às outras. Importa apenas que
fique claro o que determinado autor considera Estilística em seu texto, qual a
definição que está sendo usada naquele momento. Sendo assim, que fique claro
para o leitor que o termo Estilística no presente texto está sendo empregado no
seguinte sentido: A
Estilística como desvio da norma. Ou seja, aqui serão tratadas
somente as características textuais que impliquem num desvio do padrão
gramatical culto da Língua Portuguesa, transgressões intencionais com o
objetivo de criar um estilo.
Para isso, nada
melhor que escolher um texto de Adoniran Barbosa. Pouca gente sabe, mas o
compositor de Trem das Onze sequer se chamava Adoniran. Seu
nome era João Rubinato e, antes de se tornar compositor e cantor, trabalhava
como ator no rádio, criando tipos. Adoniran Barbosa era um desses personagens.
Com o passar do tempo, João Rubinato foi incorporando cada vez mais esse tipo,
de forma a quase confundir-se com ele.
Sabendo disso,
fica mais fácil compreender o porquê de boa parte de suas músicas fugir a um
registro formal da língua. Afinal, Adoniran procurava cantar o povo de sua
cidade. Observem a letra de “Saudosa
Maloca”:Letras como a de “Saudosa
Maloca” são ricas em exemplos e retratam, fielmente, a linguagem
típica do Bexiga. Adoniran usou deste artifício para contar, de forma singela,
pequenas tragédias cotidianas das favelas e dos subúrbios de São Paulo.
Para isso, optei por escolher a música Saudosa
Maloca, e o fato de antes de se tornar compositor e cantor, trabalhava como
ator no rádio, criando tipos. Adoniram Barbosa era um desses personagens , João Rubinato foi incorporado
cada vez mais esse tipo , de forma a quase confundir-se com ele. Analisemos
pois a letra , ricas em exemplos e retratam fielmente a linguagem típica do
Bixiga.
Outra
característica que dá sotaque ao texto é a troca do fonema /l/ pelo
/r/ em algumas palavras, como em “arto”,” Ou ainda, a colocação do “i” entre a
vogal e o “s” final das sílabas (como em “nóis”,ou a supressão do ¨”r” nos verbos no infinitivo,
“contá”,”esquecê” , “alembrá” ,”derrubá” “grita”, “apreciá”, “lugá”, supressão
do “s” “os home” “conformemo”,”cantemo”, do “o” pelo “u” , “fumos” e “duia”, do “lh” pó “i” “veia”, “paia”., um
cacófato “ta coa”, . O curioso é que, não há registro de grandes erros ortográficos, com exceção dos
vocábulos “encima”, “táuba” “adíficio (talvez o acento em “prá”). Isso só vem a
reforçar o fato de Adoniran não ser de fato aquilo que aparenta. Ainda que ele declarasse: pra
escrever uma boa letra de samba, a gente tem que ser, em primeiro lugar,
anarfabeto.(grifei)
Tudo que foi
escrito até aqui tem por intuito mostrar o quanto o desvio da norma pode ser
importante para a formação de um estilo de escrita. Inegavelmente, as músicas
de Adoniran não teriam tido a mesma repercussão se tivessem sido escritas em um
português castiço, cheio de floreios de linguagem. Suas músicas não
representariam aquilo que representam: o povo. Mesmo que a intenção de seu
autor não fosse a de denúncia
social e, sim, a de
levar entretenimento a esse povo do qual faz parte. Fazê-lo rir. Eis o grande
objetivo de Adoniran: o humor.
D. A explosão Imobiliária
Ao comparar os projetos de edifícios até
os anos 20 com esses da década de 1950, percebe-se, nitidamente, a diferença.
Os acanhados prédios com três ou quatro andares dão lugar a torres de 12 ou 15
andares.
“Se o
senhor não tá lembrado
Dá
licença de contá
Que
acá onde agora está
Esse
aditício ardo
Era
uma casa véia
Um
palacete assobradado”
Em alguns lugares, como no eixo da
avenida Ipiranga, a aparência dos edifícios lembrava mais os arranha-céus
americanos. O Estado incentivava o desenvolvimento industrial, direcionando os investimentos
para o setor. Era o que ocorria, por exemplo, no acesso dos empresários do ramo
industrial ao crédito, que tinha juros menores do que aqueles impostos ao setor
agrário.
“Mas
um dia, nós nem pode se alembrá
Veio
os homis c'as ferramentas
O
dono mandô derruba”
Juscelino Kubischek, presidente do
Brasil de 1955 a1960, exemplifica o ufanismo da classe política da época,
empolgando-se com o “espetáculo ” das
chaminés (PASSOS, 1998, p. 73): “a
civilização [...] precisa renovar-se, oferecendo nas torres de usinas
elétricas, nas negras fitas de asfalto e nas chaminés empenachadas de fumo, o
espetáculo maravilhoso e novo do trabalho de um povo que caminha e sente nos
seus nervos o indomável impulso do progresso. ”
A
quantidade de novas indústrias e a formação de novos postos de trabalho
podem
ter contribuído para o grande aumento populacional da época, que, por
sua
vez, refletiu no aumento da quantidade de habitações produzidas. As supostas
oportunidades de empregos, dadas por um mercado dinâmico, A população e a
cidade cresciam, e o mercado imobiliário, nos anos 50,
aumentava significativamente sua produção. O slogan “a cidade que mais cresce no
mundo” aparecia em diversos meios de comunicação da época, como
matérias jornalísticas e propagandas comerciais (MENDONÇA, D. X. de, 1999, p. 39)
A conseqüência
arquitetônico-urbanística desta forma de urbanização é um desperdício muito
grande de espaço, fazendo de São Paulo um tapete de retalhos extremamente
caótico, que se perde em cidades periféricas cada vez mais distantes. Além
disso encarecem-se tanto os custos do transporte como os de instalação de
infra-estrutura urbana.
Mas esta forma de expansão
urbana só se tornou possível porque o poder público - populista - da época
(fins da década de 40 até 64) fechou os olhos às irregularidades. Deixou de
exercer sua função de fiscalização e controle sobre a expansão urbana.
Já no início dos anos 50 já
se previa que o poder público jamais poderia a curto e médio prazo servir estes
loteamentos de serviços e equipamentos coletivos necessários à vida urbana.
E. As conseqüências das Perdas Materiais
Todos nós já sofremos com alguma
grande perda na vida, essas situações são devastadoras e podem acabar com a
esperança de qualquer pessoa. Mas algumas atitudes e perspectivas ajudam a
minimizar essas experiências. Em alguns casos ajudam a torná-las mais
positivas: Perdemos
algo e ganhamos algo em troca, ainda que seja experiência e maturidade.
“Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca
falou:
"Deus dá o frio conforme o
cobertor"
. Chore se der vontade, grite
se quiser e xingue se precisar as vezes
é necessário mergulhar no sentimento que incomoda para compreende-lo e então
transcendê-lo. Não estou dizendo para se entregar a para tristeza ou para a
raiva, estou afirmando que não dá para negar que está sentindo isso.
“Que tristeza que nós sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração”
F. A Dicção do Cancionista
Que Tatit me socorra, e a memoria cognitiva e afetiva da infância aflore, de quem sendo filho de musico , mesmo sendo criado no ambiente musical, forjou em mim um apreciador dos sons, e por forca da profissão tive que aguçar a audição, mas não entendo de escalas, partituras, e como dizem meus amigos, nas rodas de pagode após as peladas, da pra ele o chocalho com bolinha de isopor, pra não atravessar.
Par este trabalho me propus a ouvir três dicções da canção , o autor Adoniran Barbosa,Demonios da Garoa, e Joao Gilberto, sim ELE!
Na versão cantada por Adoniran Barbosa, há predominância de violão, bandolim, a
percussão soa ao fundo quase imperceptível e os versos são cantados em primeira
pessoa. Há uma leve tosse do cantor, que confere um charme de boteco à versão.
Na versão do Conjunto Demônios da Garoa, os maiores interpretes das canções de
Adoniran, há um arranjo de samba sincopado, a introdução que é marca registrada
já dá mostra do suingue que será desenvolvido ao longo da música, as cordas são
proeminentes, um violão sete cordas , e o pandeiro dá um colorido especial, em
que as platinelas fazem contraponto com
dicção do vocalista e o grupo de apoio no coro fazem uníssono na canção.
Há um achado interessante , proposital ou não, na parte em que a
construção do verso é onomatopéico “ Dim-dim donde nós passemos os dias feliz
de nossa vida”.Que levanta o refrão.
Joao Gilberto, violão e voz, ao vivo
no Teatro de Cultura Artistica de São Paulo, sobressai sobremaneira o violão do
cantor, e o acompanhamento da Osquestra é secundário, dado a personalidade da
dicção. As vogais são destacadas , nas demais interprteaões , o pronome pessoal
~eu~ é quase imperceptível, somente após varias audições percebe-se a epêntese
–queu-.Ele personifica a cancao ou seu estilo
“Saudosa Maloca”, fala em primeira instancia, sobre a demolição de uma casa
velha, para a construção de um prédio, o velho dando lugar ao novo, ao mesmo
tempo retrata a decadência e uma critica sobre o descarte, havia união e
pertencimento no casebre, dá-se lugar à impessoalidade do aço, cimento e vidro
em detrimento as tábuas que caem. Há uma indignação, e também resignação que a
vida continua, os parceiros de infortúnio, continuaram juntos, esperançosos e
confiantes, que “Deus não nos dá a cruz maior do que possamos
carregar”.
Adoniran falou como poucos do lugar onde viveu,suas peculiaridades, o
cotidiano, foi um cronista, e muitas de suas músicas nasceram de fatos
corriqueiros, com verniz lírico, de canções que ultrapassam gerações e seguem
sendo cantadas através dos anos[G1] .
O desvio da norma como estilo em Adoniran Barbosa
Beatriz Fontes
Professora
e jornalista
Juliana Carvalho
Professora
e redatora
Bibliografia:
MARTINS, Nilce Sant’anna. Introdução à Estilística a expressividade na língua portuguesa.
3a. São Paulo: T. A. Queiroz Editor, 2000.
FARIA, Arthur. Adoniran Barbosa. Minibiografia presente na seção
“Artistas do Samba & Choro”, na “Agenda do Samba & Choro” (www.samba-choro.com.br).
[G1]É
preciso levar em conta aqui o grau de invenção dessa voz por parte do Adoniran,
de que ele também é o outro, mas bem educado, mais confortável, em relação a
esse mundo que ele canta.