sexta-feira, 29 de junho de 2018

Ensaio sobre a Musica Saudosa Maloca de Adoniran Barbosa




  1. INTRODUÇÃO

Saudosa Maloca” é composta na linguagem coloquial,com alguns erros  de português, que veremos adiante , se proposital ou não,  tradição literal do bairros Paulistanos que tem grande influência em seu linguajar, face o aporte de grande levas de imigrantes de origem italiana, onde um morador do bairro pede licença a um senhor para contar a história dali onde se situa aquele edifício (arranha-céu), foi um dia a moradia de vários amigos, que de repente o poder público, mandou derrubar e construir um prédio moderno. A dor sentida deste morador sendo contada vem à lembrança dos amigos, da felicidade sentida quando estavam sob o mesmo teto. Mesmo tendo construído “um palacete”, o terreno não era deles. Há uma construção poética, em que o desmoronamento das paredes leva um pouco de cada um junto, um dos parceiros de infortúnio quer revoltar-se, mas é impedido pelo narrador, e o apelo de um dito popular (“Deus dá o frio, conforme o cobertor”), lembra-nos que somos capazes de superar as vicissitudes e adversidades. E nos tempos atuais, mesmo dormindo ao relento, a lembrança é algo que não perdemos e  a saudade pode ser revivida e cantada.

  1. DESENVOLVIMENTO

A.   Quem é Adoniram Barbosa
                        Adoniran Barbosa (1912-1982) foi um cantor e compositor brasileiro. "Saudosa Maloca" foi seu primeiro sucesso como compositor. "Trem das Onze" é mais uma de suas músicas que retrata o cotidiano das camadas mais pobres da população urbana.
            Adoniran Barbosa (1912-1982) nasceu em Valinhos, São Paulo, no dia 6 de agosto de 1912. Filho de imigrantes italianos, Ferdinando e Emma Rubinato ainda jovem muda-se com a família para Jundiaí. Em 1924 vão para Santo André, na grande São Paulo, onde começa a trabalhar para ajudar a família. Aos 22 anos vai para São Paulo, onde se emprega como vendedor de tecidos.
            Na capital paulista participa de programas de calouros no rádio. Seu nome verdadeiro é João Rubinato, mas adota o pseudônimo de Adoniran Barbosa. Adoniran, nome de seu melhor amigo, e Barbosa em homenagem ao cantor Luís Barbosa, seu ídolo. Em 1934, com a marcha "Dona Boa", feita em parceria com J. Aimberê, que conquista o primeiro lugar no concurso carnavalesco promovido pela prefeitura de São Paulo.
            Em 1941 é convidado para atuar na Rádio Record, onde trabalhou por mais de trinta anos como ator cômico, discotecário e locutor. Em 1955 compõe o primeiro sucesso, "Saudosa Maloca" (1951), gravado pelo conjunto Demônios da Garoa. Em seguida lança outras músicas, como "Samba do Arnesto" (1953), "Abrigo de Vagabundo" (1959) e a famosa "Trem das Onze" (1964).
            Em suas obras, retrata o cotidiano das camadas pobres da população urbana e as mudanças causadas pelo progresso. Para isso, faz uso da maneira de falar dos moradores de origem italiana de alguns bairros paulistanos, como Barra Funda e Brás. Uma de suas últimas composições foi "Tiro ao Álvaro", gravada por Elis Regina em 1980.Adoniran Barbosa morreu em São Paulo no dia 23 de novembro de 1982. Os três discos levam apenas o nome Adoniran. Adoniran Barbosa morreu em 23 de novembro de 1982, aos 72 anos, pobre e quase esquecido. No momento de sua morte estavam presentes apenas sua mulher, Matilde Luttif, e uma irmã dela. Boêmio, com direito a mesa cativa no salão principal do Bar Brahma, um dos mais tradicionais de São Paulo, Adoniran passou os últimos anos de sua vida triste, sem entender o que tinha acontecido à sua cidade. "Até a década de 60, São Paulo ainda existia, depois procurei mas não achei São Paulo. O Brás, cadê o Brás? E o Bexiga, cadê? Mandaram-me procurar a Sé. Não achei. Só vejo carros e cimento armado." .

B.   Saudosa Maloca  - Música e Cifra
            Imagine-se numa rua do Brás, do Bixiga, ou outro bairro da cidade  São Paulo, imagine-se contemplando um arranha-céus, imagine-se nos anos 50 do século XX, e o crescimento avassalador, o progresso, o velho sendo derrubado,demolido, dando lugar ao novo.
            Imaginou?
            Pois bem, respire, inspire, esqueça o barulho dos carros, o bonde, o moleque esganiçado vendendo jornais, o bate estacas, esvazie a mente, e vá aos poucos envolvendo-se, e de forma lúdica, permita-se ao devaneio, enquanto um senhor de voz rouca, acerca-se e para ao seu lado, pigarreando , com um cigarro apagado á mão, chapéu displicentemente e propositalmente torto na cabeça, um terno amarfanhado, e um indefectível bigodinho, e começa a cantarolar e contar a estória  do lugar com um saudosismo.
            Para efeito deste trabalho resolvi analisar a letra em cinco partes;
Parte I – Informação ao Passante
            A personagem da música, informa ao Senhor que admirado contempla o edifício alto, que antes, naquele lugar havia uma casa velha, um sobrado típico ,de madeira ,construções estas que sobressaiam, nos bairros paulistanos com predominância de imigrantes italianos.


( F  E  Am  G  F  E  Am  E )
 
Am      E7             Am
Se o senhor não tá lembrado
     E7           Am
Dá licença de contar
     A7             Em7(5-)
Que aqui onde agora está
A7            Em7(5-)
Esse adifício alto
    A7       Em7(5-)
Era uma casa velha
       A7         Dm
Um palacete asobradado

Parte II – A Demolição

            O tratamento cerimonioso do começo, é relegado , e o narrador, busca a intimidade com o interlocutor ,o “senhor” da abordagem inicial, passa a ser “seu moço” , e como jovem deve ouvir a estória daquele lugar, o narrador solitário busca a companhia de outros dois companheiros ( Mato Grosso e o Joca) um emigrante , oriundo de outro Estado da Federação do qual tomou o nome, e o Joca , um dos tantos joão-ninguém, que a cidadae abriga, unem forças e constroem sua “maloca” . Porém o pior dia da vida deles, foi quando o dono do terreno, manda botar abaixo o casebre.


Foi aqui seu moço
                       Am
Que eu Mato Grosso e o Joca
 B7                E7
Construimos nossa maloca
        A7
Mais  um dia
                Dm
Nem quero me  lembrá
                         Am
Veio os home com as ferramentas
 E7              Am
O dono mandô derrubá
     E7                Am


Parte III - O Despejo

            Mal tiveram tempo de pegar “todas” as suas coisas, que para que não possuí quase nada é tudo. E foram literalmente para o “meio da rua” ,apreciar a demolição, e cada tábua que caía, era um punhal cravando no coração deles.  

Peguemo tudo nossas coisas
                   A7
E fumos pro meio da rua
               Dm
Apreciá a demolição
                        Am
Que tristeza que nos sentia
                B7
Cada táuba que caía
             E7
Duia no coração



Parte IV – Revolta, Resignação e Recomeço

            Nesta parte da música, Mato Grosso, mostrou sua revolta, e faz menção de protestar contra aquela ação, porém é interrompido pelo narrador, que se resignando e faz ver aos demais, que nem tudo está perdido, e podem recomeçar em outro lugar, mas o conforto vem mesmo, quando Joca, afirma: “ Deus dá frio, conforme o cobertor”.


Mato Grosso quis gritá
                Am
Mas encima eu falei:
               A7
Os homens tá coa razão
                   Dm
Nós arranja outro lugá
                                  Am
Só se conformemo quando o Joca falou :
             B7                E7
"Deus da o frio conforme o cobertor"


Parte V – Esquecimento e Lembrança

            O refrão, o narrador informa que não construíram uma “nova maloca” , dormem ao relento, na grama, e para esquecer. Esquecer!?, eles cantam a saudade de dias felizes que outrora viveram.



                   Dm
             Dm                           Am
E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim
         B7    E7             Am
E prá esquecê nóis cantemos assim:
 
           Dm             Am
Saudosa maloca, maloca querida  dim  dim
               F             E               Am
Donde nóis passemos dias feliz de nossa vida.
 
C.   O desvio da norma culta – Erro de Português como estilo

Ele achava que João Rubinato não era nome de cantor de samba. Resolveu mudar. De um amigo pegou emprestado Adoniran e, em homenagem ao sambista Luiz Barbosa, adotou seu sobrenome. Foi assim que Adoniran Barbosa tornou-se um dos maiores nomes do cancioneiro popular brasileiro e uma das mais importantes vozes da população ítalo-paulistana.Filho de imigrantes italianos, abandonou os estudos ainda no primário para trabalhar. Foi tecelão, balconista, pintor de paredes e até garçom. A maneira de compor sem se preocupar com a grafia correta tornou-se sua maior característica e lhe rendeu críticas de gente como o poeta e compositor Vinícius de Moraes. Adoniran não deu importância às declarações de Vinícius, tanto que musicou uma poesia do escritor carioca transformando-a na valsa "Bom Dia, Tristeza".
Às críticas que recebia Adoniran rebatia: "só faço samba pra povo. Por isso faço letras com erros de português, porquê é assim que o povo fala. Além disso, acho que o samba, assim, fica mais bonito de se cantar."
O impulso na carreira de compositor veio em 1951, quando o conjunto Demônios da Garoa saiu premiado do Carnaval paulista com o samba "Malvina", de sua autoria. No ano seguinte, eles repetiram o feito, agora, com a criação de Adoniran Barbosa e Osvaldo Moles, "Joga a Chave". Começava ai mais uma parceria de anos na vida do compositor.
As pequenas crônicas da vida paulistana criadas por Adoniran com sotaque peculiar, resultado da fusão das várias raças que escolheram a capital paulista como morada, tornaram-se conhecidas em todo Brasil na interpretação dos Demônios da Garoa. "Saudosa Maloca", que o próprio autor havia gravado sem sucesso em 1951, foi registrada por eles em 1955 e gravada por Elis Regina nos anos 70. Em 2000, foi escolhida pela população de São Paulo, em um concurso organizado pela Rede Globo, como a música que mais representa a cidade..
 

Muitas são as possíveis definições para aquilo que se costuma chamar, simplesmente, de Estilística. Definições, estas, mais abrangentes, ou mais restritivas; definições que se somam ou que se opõem umas às outras. Importa apenas que fique claro o que determinado autor considera Estilística em seu texto, qual a definição que está sendo usada naquele momento. Sendo assim, que fique claro para o leitor que o termo Estilística no presente texto está sendo empregado no seguinte sentido: A Estilística como desvio da norma. Ou seja, aqui serão tratadas somente as características textuais que impliquem num desvio do padrão gramatical culto da Língua Portuguesa, transgressões intencionais com o objetivo de criar um estilo.
Para isso, nada melhor que escolher um texto de Adoniran Barbosa. Pouca gente sabe, mas o compositor de Trem das Onze sequer se chamava Adoniran. Seu nome era João Rubinato e, antes de se tornar compositor e cantor, trabalhava como ator no rádio, criando tipos. Adoniran Barbosa era um desses personagens. Com o passar do tempo, João Rubinato foi incorporando cada vez mais esse tipo, de forma a quase confundir-se com ele.
Sabendo disso, fica mais fácil compreender o porquê de boa parte de suas músicas fugir a um registro formal da língua. Afinal, Adoniran procurava cantar o povo de sua cidade. Observem a letra de “Saudosa Maloca”:Letras como a de “Saudosa Maloca” são ricas em exemplos e retratam, fielmente, a linguagem típica do Bexiga. Adoniran usou deste artifício para contar, de forma singela, pequenas tragédias cotidianas das favelas e dos subúrbios de São Paulo.
Para isso, optei por escolher a música  Saudosa Maloca, e o fato de antes de se tornar compositor e cantor, trabalhava como ator no rádio, criando tipos. Adoniram Barbosa era um desses  personagens , João Rubinato foi incorporado cada vez mais esse tipo , de forma a quase confundir-se com ele. Analisemos pois a letra , ricas em exemplos e retratam fielmente a linguagem típica do Bixiga.






Outra característica que dá sotaque ao texto é a troca do fonema /l/ pelo /r/ em algumas palavras, como em “arto”,” Ou ainda, a colocação do “i” entre a vogal e o “s” final das sílabas (como em “nóis”,ou a supressão  do ¨”r” nos verbos no infinitivo, “contá”,”esquecê” , “alembrá” ,”derrubá” “grita”, “apreciá”, “lugá”, supressão do “s” “os home” “conformemo”,”cantemo”, do “o”  pelo “u” , “fumos” e  “duia”, do “lh” pó “i” “veia”, “paia”., um cacófato “ta coa”, . O curioso é que,  não há registro de grandes erros ortográficos, com exceção dos vocábulos “encima”, “táuba” “adíficio (talvez o acento em “prá”). Isso só vem a reforçar o fato de Adoniran não ser de fato aquilo que aparenta. Ainda que ele declarasse: pra escrever uma boa letra de samba, a gente tem que ser, em primeiro lugar, anarfabeto.(grifei)
Tudo que foi escrito até aqui tem por intuito mostrar o quanto o desvio da norma pode ser importante para a formação de um estilo de escrita. Inegavelmente, as músicas de Adoniran não teriam tido a mesma repercussão se tivessem sido escritas em um português castiço, cheio de floreios de linguagem. Suas músicas não representariam aquilo que representam: o povo. Mesmo que a intenção de seu autor não fosse a de denúncia social e, sim, a de levar entretenimento a esse povo do qual faz parte. Fazê-lo rir. Eis o grande objetivo de Adoniran: o humor.


D.   A explosão Imobiliária

Ao comparar os projetos de edifícios até os anos 20 com esses da década de 1950, percebe-se, nitidamente, a diferença. Os acanhados prédios com três ou quatro andares dão lugar a torres de 12 ou 15 andares.

Se o senhor não tá lembrado
Dá licença de contá
Que acá onde agora está
Esse aditício ardo
Era uma casa véia
Um palacete assobradado

Em alguns lugares, como no eixo da avenida Ipiranga, a aparência dos edifícios lembrava mais os arranha-céus americanos. O Estado incentivava o desenvolvimento industrial, direcionando os investimentos para o setor. Era o que ocorria, por exemplo, no acesso dos empresários do ramo industrial ao crédito, que tinha juros menores do que aqueles impostos ao setor agrário.

“Mas um dia, nós nem pode se alembrá
Veio os homis c'as ferramentas
O dono mandô derruba”


            Juscelino Kubischek, presidente do Brasil de 1955 a1960, exemplifica o ufanismo da classe política da época, empolgando-se com o “espetáculo ” das chaminés (PASSOS, 1998, p. 73): “a civilização [...] precisa renovar-se, oferecendo nas torres de usinas elétricas, nas negras fitas de asfalto e nas chaminés empenachadas de fumo, o espetáculo maravilhoso e novo do trabalho de um povo que caminha e sente nos seus nervos o indomável impulso do progresso. ”
      A quantidade de novas indústrias e a formação de novos postos de trabalho
podem ter contribuído para o grande aumento populacional da época, que, por
sua vez, refletiu no aumento da quantidade de habitações produzidas. As supostas oportunidades de empregos, dadas por um mercado dinâmico, A população e a cidade cresciam, e o mercado imobiliário, nos anos 50,                                           aumentava significativamente sua produção. O slogan “a cidade que mais cresce no mundo” aparecia em diversos meios de comunicação da época, como matérias jornalísticas e propagandas comerciais (MENDONÇA, D. X. de, 1999, p. 39)
 
A conseqüência arquitetônico-urbanística desta forma de urbanização é um desperdício muito grande de espaço, fazendo de São Paulo um tapete de retalhos extremamente caótico, que se perde em cidades periféricas cada vez mais distantes. Além disso encarecem-se tanto os custos do transporte como os de instalação de infra-estrutura urbana.
Mas esta forma de expansão urbana só se tornou possível porque o poder público - populista - da época (fins da década de 40 até 64) fechou os olhos às irregularidades. Deixou de exercer sua função de fiscalização e controle sobre a expansão urbana.
Já no início dos anos 50 já se previa que o poder público jamais poderia a curto e médio prazo servir estes loteamentos de serviços e equipamentos coletivos necessários à vida urbana.
E.   As conseqüências das Perdas Materiais
 

      Todos nós já sofremos com alguma grande perda na vida, essas situações são devastadoras e podem acabar com a esperança de qualquer pessoa. Mas algumas atitudes e perspectivas ajudam a minimizar essas experiências. Em alguns casos ajudam a torná-las mais positivas: Perdemos algo e ganhamos algo em troca, ainda que seja experiência e maturidade.

“Mato Grosso quis gritá
Mas em cima eu falei:
Os homis tá cá razão
Nós arranja outro lugar
Só se conformemo quando o Joca falou:
"Deus dá o frio conforme o cobertor"


. Chore se der vontade, grite se quiser e  xingue se precisar as vezes é necessário mergulhar no sentimento que incomoda para compreende-lo e então transcendê-lo. Não estou dizendo para se entregar a para tristeza ou para a raiva, estou afirmando que não dá para negar que está sentindo isso.


“Que tristeza que nós sentia
Cada táuba que caía
Doía no coração”
 
 
F. A Dicção  do Cancionista
 
               Que Tatit me socorra, e a memoria cognitiva e afetiva da infância aflore, de quem sendo filho de musico , mesmo sendo criado no  ambiente musical, forjou em mim um apreciador dos sons, e por forca da profissão tive que aguçar a audição, mas não entendo de escalas, partituras, e como dizem meus amigos, nas rodas de pagode após as peladas, da pra ele o chocalho com bolinha de isopor, pra não atravessar.
               Par este trabalho me propus a ouvir três dicções da canção , o autor Adoniran Barbosa,Demonios da Garoa, e Joao Gilberto, sim ELE!

      Na versão cantada por Adoniran Barbosa, há predominância de violão, bandolim, a percussão soa ao fundo quase imperceptível e os versos são cantados em primeira pessoa. Há uma leve tosse do cantor, que confere um charme de boteco à versão. Na versão do Conjunto Demônios da Garoa, os maiores interpretes das canções de Adoniran, há um arranjo de samba sincopado, a introdução que é marca registrada já dá mostra do suingue que será desenvolvido ao longo da música, as cordas são proeminentes, um violão sete cordas , e o pandeiro dá um colorido especial, em que  as platinelas fazem contraponto com dicção do vocalista e o grupo de apoio no coro fazem uníssono na canção.
       Há um achado interessante , proposital ou não,  na parte em que a construção do verso é onomatopéico “ Dim-dim donde nós passemos os dias feliz de nossa vida”.Que levanta o refrão.
           
            Joao Gilberto, violão e voz, ao vivo no Teatro de Cultura Artistica de São Paulo, sobressai sobremaneira o violão do cantor, e o acompanhamento da Osquestra é secundário, dado a personalidade da dicção. As vogais são destacadas , nas demais interprteaões , o pronome pessoal ~eu~ é quase imperceptível, somente após varias audições percebe-se a epêntese –queu-.Ele personifica a cancao ou seu estilo





         “Saudosa Maloca”, fala em primeira instancia, sobre a demolição de uma casa velha, para a construção de um prédio, o velho dando lugar ao novo, ao mesmo tempo retrata a decadência e uma critica sobre o descarte, havia união e  pertencimento no casebre, dá-se lugar à impessoalidade do aço, cimento e vidro em detrimento as tábuas que caem. Há uma indignação, e também resignação que a vida continua, os parceiros de infortúnio, continuaram juntos, esperançosos e confiantes, que “Deus não nos dá a cruz maior do que possamos carregar”.   
         Adoniran falou como poucos do lugar onde viveu,suas peculiaridades, o cotidiano, foi um cronista, e muitas de suas músicas nasceram de fatos corriqueiros, com verniz lírico, de canções que ultrapassam gerações e seguem sendo cantadas através dos anos[G1] .

O desvio da norma como estilo em Adoniran Barbosa

Beatriz Fontes
Professora e jornalista
Juliana Carvalho
Professora e redatora

Bibliografia:

MARTINS, Nilce Sant’anna. Introdução à Estilística a expressividade na língua portuguesa. 3a. São Paulo: T. A. Queiroz Editor, 2000.
FARIA, Arthur. Adoniran Barbosa. Minibiografia presente na seção “Artistas do Samba & Choro”, na “Agenda do Samba & Choro” (www.samba-choro.com.br).
 





 [G1]É preciso levar em conta aqui o grau de invenção dessa voz por parte do Adoniran, de que ele também é o outro, mas bem educado, mais confortável, em relação a esse mundo que ele canta.