sábado, 19 de setembro de 2020

Senhores da Guerra

 AUTOR: JOÃO DE DEUS VIEIRA ALVES

DECLAMADOR: JOÃO BATISTA DE OLIVEIRA

AMADRINHADORES: EDIANE MARCOLIN VICENZI, LUANA VICENZI DE OLIVEIRA, VITOR GASPERIN


Senhores da Guerra


 


A espada geme, brame , risca o ar

Certeiro golpe, dando cabo a contenda

Inimigo prostrado ,vencido, entregue

Num átimo a terra treme, um raio ilumina o campo

A taquara é aço forjado , chocam-se em estrondo

Um Capitão ,dragonas e cavalo branco

Um Lanceiro, pés descalços e torso nu



Mama África...


cativos em diversas nas aldeias,

fila indiana, presos ao libambo ,

atados pelo pescoço a outros infelizes

gargantas abertas para medo aos demais

carregavam sacos com pedras e areia,

aumentando a resistência e o suplicio,

misera ração, fumo e aguardente,

batizados temem um Deus que não o  seu.


Capadócia...


Jorge nasce, guerreiro,capitão,conde

Em nome da fé venceu a injustiça

Sofreu o flagelo e não sucumbiu

Diocleciano Imperador sanguinário

Torturou ,imolou e decapitou

Morre o homem ,nasce o mito



Terra Brasilis...


Índios preferem a cruz à espada

Negros, cicatrizes no corpo e alma

Mãos carcomidas no sal das charqueadas

Mesma cor, falares diferentes, igual destinos,

Nus, cabelos raspados, sem água e comida.


Nos casebres de beira estrada

Nos edifícios das metrópoles

Igrejas, templos, terreiros

Imagem defronte a porta

Coité, alguidar e guias

O dragão submisso morto

Franjas de palmeiras desfiadas


Clarinadas , tropel desenfreado

O andor sangra os ombros

Agogô, Akpossi, Ogidam e Kelé

Ferreiros, soldados, caçadores

Bandeira, verde e vermelha

Sincrônica mescla de fé


O mar que os trouxe

Não é o mesmo

Uns cativos , temerosos

Outros, senhores, confiantes

Cruz e espada, coités e okutá

Alva pele, escura alma

Banzo, suicido, loucura


Traição, acertos, beberagem

Generais em conluio

Sete canhões

Vinte um lanceiros ,peito aberto


O clarão ilumina o campo

Lua azul do mês de Novembro


Jorge a cavalo

Defende o império

Ogum a pé

É mais um Lanceiro


O entrechoque de espada lança

O sincronismo é forjado


E juntos estão de ronda

Vencendo demandas e batalhas

Salve Jorge Guerreiro

Ogum ê , Orixá da Guerra





terça-feira, 15 de setembro de 2020

MAR



        Mais forte que a ventania, o barco da solidão navega na contramão, as ondas erguem-se à alturas tremendas e medonhas, a proa desliza neste mar de amarguras, adivinhando as mágoas que a praia em frente, lançara aos olhos. Nem sempre o que se tem é o melhor, o vício, a jogatina, a prostituição, o amor fácil, oferecem-se àqueles homens sedentos e rudes, que a nave se aproxima , carrega no bojo.
    Estão dispostos a tudo, querem o que julgam ser de seu direito, mulheres morenas, rostos magros e sofridos, feto desnutrido no vente judiado, espreitam o mar em frente, esperançosas e aflitas. Seus homens chegam da lida. O mar , ás vezes, incompreensivo, escolhe alguns para dormirem eternamente no fundo de sua morada.
    Oh! Deus! Que vida sofrida. A lamúria e o choro dos órfãos, das viúvas nos lamentos noturnos.
__ Mar! Dê-nos sustento e alimentos. Mas não nos roube vidas, que nos são mui caras.
JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES