terça-feira, 13 de outubro de 2020

DETALHE






   Sábado à tarde, o desencontro...Casual?. Não era hora, nem lugar apropriado. Sempre fora assim! Tudo era questão de detalhe .O que ele gostava, ela combatia. Desprezavam as considerações sobre felicidade. O que restou?
    Refugiado dentro do carro, a música deixando a imaginação fluir , o para-brisa, tornou-se um enorme telão, onde suas vidas passaram em vídeo-tape. Os grosso pingos da chuva batendo no rosto vítreo, eram teclas martelando a máquina da memória.
     Não haverá outro pôr-do-sol mais sincero, nem crepúsculo tão intimo, seus nomes ficarão gravados para sempre, na pedra que não terminará com o tempo.
     Tinham tudo para dar certo. E, mais uma vez foi por detalhe, Desta vez, jura que não chorou. O peito amargurado, mais uma mágoa  guardada, surgindo rugas no rosto.
   Duvidaram do fim, zombaram do destino. O tempo era eterno e infelizmente o amor não sabia. Pois na pressa de se pertencerem esqueceram dele no escuro e úmido quarto do egoísmo possessivo. 
      A queria sem medo, mas donde tirar segurança. O reencontro será fatal para ambos. Tudo virá a tona...amar-se-ão. Faltará o detalhe Principal, a aceitação mútua.

AUSÊNCIA




Ausentou-se das belas manhãs, das noites frias e chuvosas.
Ausentou-se no vento cálido, no mar revolto e cinza. 
Viveu, livre entre correntes. 
Correu, voou e fez casa nas nuvens, entrou em discórdia com os anjos, devido sua irreverência própria. 
No caminho fatal, vias tortuosas traçadas pelo destino, a fibra rompeu-se no ferro e pneus assassinos, na eterna luta contra o tempo.
 O ar pesado e carregado de presságios, expressões de cansaço e desânimo, otimismo não é possível, todos os rostos estão sisudos, hoje estamos mais amargurados  do que nunca.
 As alegrias na vida são nuvens, elas passam.
 A única certeza é a saudade, esta amante faminta e desumana, de boca aberta e unhas afiadas rasgando o peito.
Renascerás a cada dia, no sal da viúva lágrima que jorra do peito jovem, na brisa leve varrendo sonhos quebrados, nas folhas secas que vagam pelas ruas desertas.

Cara, precisamos ser fortes, para aturarmos o que se passou, temos  que ser humildes para suportar o que ficou. 
A música embalará os sonhos, pedras rolarão no bloqueio do marasmo, pressão no peito, grito rachado.

Podemos fugir, mas não queremos, preferimos ficar e tomar o cálice amargo da vida.
 O nó da garganta é sufocante. Um,dois,três... Mil dias! Quanto tempo temos? A vida passa depressa. O que está reservado para cada um não se pode fugir, nem olhar com receio.

O corpo pousado na campa fria sumirá com o tempo, pois é matéria simplesmente, o espírito elevar-se-á aos céus em busca de luz.
 No caminho existem pedras pontiagudas, a serem transpostas com sangue e lágrimas.

Mesmo sabendo que o fim do túnel é próximo , a vitória e vã e utópica.
 O escuro do medo nos apavora, quando visto no espelho da nudez diária, choramos o tempo perdido em busca  do nada.

Sorria, pessoa, agora estás vivendo.
JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES
Enviado por JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES em 11/05/2006