A partir do
principio que o professor é o “repassador” de conhecimento, há que
necessariamente haver uma troca entre ele e o aluno.
O mestre,
mesmo sendo portador do poder e o saber: a chave para o sucesso ou fracasso do
ato pedagógico está com o aluno.
Vivemos
hoje em nosso país, ou melhor, continuamos com a desigualdade social, que
transforma esta diferença palpável, dividindo grupos de crianças, pela condição
socioeconômica, em desigualdades escolares. Se por um lado o ensino em escolas
particulares tem fluidez, de outra banda nas escolas públicas, o professor hoje
se encontra refém, dos problemas herdados pelos alunos (violência, baixa
escolaridade dos pais, famílias desestruturadas), todo este caldo é canalizado
e torna o professor e por extensão a
escola, como última tábua de salvação.
Através
dos programas sociais, trabalha-se a inclusão, e o aluno vai à escola com o
objetivo primeiro de garantir o recebimento deste auxílio, em segundo lugar
para alimentar-se, e por fim, o que deveria ser sua prioridade estudar.
A
compreensão de qualquer aluno tem direito ao sucesso escolar, é uma utopia,
pois através das desigualdades e mazelas sociais, vemos injustiças, de mentes
brilhantes não serem aproveitadas, e se perderem por caminhos escusos, ao passo
que mediocridades grassam e proliferam. Pois obtiveram formação e diploma por
meios fraudulentos e/ou por imposição de sua classe social e econômica.
Como desaguadouro está o professor, enquanto
formador de seres humanos, de membros de uma sociedade, de sujeitos singulares,
diuturnamente desafiado a mover montanhas e continuar nesta árdua tarefa e sim
poder contribuir na mudança deste processo, com brilho no olhar e aquele frio
na barriga, cada vez que se deparar com mentes ávidas pelo saber, seja numa
escola rica, ou numa periferia violenta.
Resgate da Cidadania através do Ensino
Com base na
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em Art 6º, “ São
direitos sóciais a educação, a saúde, o
trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e a infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição(1).” E Art.205 “A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho” e pelo que podemos depreender no texto
Evolução e Desigualdade na educação
Brasileira, de Jorge Abrahão de Castro, notamos que há ainda um longo caminho a ser percorrido pelos governos e a
sociedade visando minimizar ou zerar esta chaga social que grassa entre a
população brasileira , que é sem dúvida alguma o espectro do analfabetismo,
tanto na acepção da palavra, como o
analfabetismo funcional. Mesmo que recentemente tenham ocorrido avanços
importantes na ampliação do acesso a todos os níveis e modalidades
educacionais.
As adoções de
Politicas Publicas de inserção social,
através de benefícios sociais, têm um hiato educacional, uma geração de
analfabetos, semianalfabetos, pais despreparados e filhos desinteressados .
Pois, herdeiros desta pobreza educacional, não tem por óbvio como inicializar a
educação primeira em seus lares.
Nota-se que
a taxa de analfabetismo dentro de uma
mesma geração com o passar dos anos sofre pouca alteração, e a queda constatada
dá-se pela escolarização da população mais nova e com a morte dos idosos
analfabetos.
Além de vermos
exposta as dificuldades de concluírem , em
tempo hábil, seu período de estudo temos os problemas da repetência e evasão
escolar, mostrando-se mais acentuado na população negra, regiões menos
desenvolvidas, municípios de pequeno porte, zona rural.
Há que se
repensar o atual programa de alfabetização de adultos para torna-los mais efetivos e, em seguida, realizar a
ampliação de sua cobertura.
Os
desafios para as politicas públicas de educação básica no sentido de efetivação
dos direitos à educação são muitos, tendo em vista o fosso existente entre
gerações, o desinteresse pela educação dos pais e responsáveis, a desmotivação
dos professores e a inércia do Estado, que ao criar mecanismos paternalistas,
não atinge sua meta que tem como escopo a alfabetização e formação de cidadãos,
visando o engrandecimento do ser humano em primeira instância e, por
conseguinte de um povo e de uma Nação.
As politicas para as comunidades indígenas e quilombolas, são em sua
essência, bem intencionadas, mas pecam pela precariedade de execução, pelo
despreparo e desaparelhamento do Estado.
É triste e impactante quando vamos a
campo, visitando famílias muitas delas disfuncionais, ou geridas pelo
matriarcado, de constatar que as crianças frequentam a escola, primeiramente
para serem alimentadas, visto que para a maioria esta é única forma de obter
uma refeição regular no dia, em segundo lugar para que seus pais não percam o
direito ao benefício social, que não raras vezes é usado, não em prol da
criança, mas para satisfazer as necessidades dos vícios dos adultos.
Somos
um País com grandes leis, estatutos, magistralmente bem concebidos nos
gabinetes, mas pecamos em sua aplicabilidade, fazemos a ponte para depois fazer
o rio. Temos uma enorme divida a ser resgatado com gerações e gerações de
brasileiros, que nasceram e morreram analfabetos, satisfazendo a vontade
sádica, de governantes e politicas que amordaçavam e mantinham o povo sob o
tacão da bota, sendo usados como massa de manobra, pois povo sem acesso a
educação, a escolarização, é povo que não pensa, e assim é facilmente
manipulado.
Saudemos as
politicas Publicas de Educação Básica
como bálsamo redentor e unguento para sanar as feridas e penas, miremos um
horizonte profícuo e promissor, pois
através da educação e do saber, teremos uma geração que tomará nas mãos o seu
destinos ,de seus pares e seus
descendentes.