Enquanto
a chuva não vem...
Mateio
solito ensimesmado de penas
O
balé das pitangueiras contraponteia
aos
pipilos das aves inquietas.
Sorvo
as horas lentamente, na seiva rude das esperas
Enquanto
a chuva não vem...
O
balido das ovelhas, os latidos do pastoreio
emolduram
à tarde
As
folhas secas redemoinham,
e
as salamandras dançam despudoradas e amorfas
Enquanto
a chuva não vem...
Greta
a terra ávida, sedenta.
A
cor da palha guarda resquícios de verdor
O
cincerro das tambeiras, nostálgico
O
grito dos ta-hãs, o tuco-tuco sincopático ,
transmuta
o som dos corredores
Enquanto
a chuva não vem...
A
taramela ruiu junto ao portão batido na revolta adolescente
Espero
a volta um dia para o abraço final
Pois
o adeus definitivo ainda espera na
equina
Sonhos
almejados e quebrados pelos planos
desfeitos
Enquanto
a chuva não vem...
Teus
olhos mansos esfunecem na dadivosa bonomia
Preparando
o material escolar, cerzindo o uniforme puído
No
canto da pasta pedaço de bolo de milho e o suco ralo
Enquanto
a chuva não vem...
O
sinal da cruz na testa, e o mistério das estrelas.
Ensinando
a pescar e dizendo que não há medo
Pois
é só o minuano uivando e tudo estará bem
No
dia novo que se avizinha.
Enquanto
a chuva não vem...
O
mormaço multiplica os trilhos
A
roupa larga e os sapatos velhos
A
trouxa de roupa no, banco de madeira
O
apito silva nos ouvidos, sofrenaço no peito
e ...o Adeus
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