quarta-feira, 25 de março de 2020
sábado, 21 de março de 2020
Lógica
Certa feita, foi me determinado que fizesse carga de caixa de ferramentas para as viaturas pertencentes ao Gabinete do Comandante-Geral e Chefia do Estado-Maior da Brigada Militar. Fomos até o Centro de Subsistência Manutenção, o Cabo Véio( não sito o nome pelo respeito que tenho a este veterano que me ensinou muito) como motorista e eu, para receber o material, assinar guia, etc.
Na conferência, as ferramentas estavam conforme rezava a guia de fornecimento, quando o Cabo veio exclamando aos brados, discordava do Sargento que fornecia o material:
_ Tudo bem,sargento,só que este cabo para ligar na bateria para alguma emergência,"percisa" de duas "lâmpidas".
_ Porque, cabo? Perguntou o Sargento intrigado.
_ Ora, que pergunta, uma de 110 wolts e outra de 220, imagina se a viatura entra em "pânico" no interior, lá a voltagem é outra,tchê!.
O CÃO
Havia num Quartel do interior, um Cabo ordenança, puxa-saco dos bons, gostava de empilhar e fazer o Chefe sonhar, braseiro era ele, o resto era fichinha, a soldadesca queria ser amiga do diabo, do que deste “colega”. O homem tinha o dedo gessado. Se é que me entendem?
Quando o Comandante chegava o chimarrão estava pronto, a mesa limpa, tudo no maior asseio, e o vaselina ali se desmanchando em mesuras, com aquele sorrisinho de hiena no canto da boca.
Numa viagem de inspeção o Comandante foi presenteado com um cachorrinho, pelo pessoal da comunidade, e batizado de “Tico”.
Porem o animalzinho, não caiu nas graças do ordenança, que sentindo que perdia espaço, aproveitava as ausências do Chefe, pra sacanear e pregar peças no bichinho., porque sabia que aquela belezinha ia transformar-se num cachorrão e ia sobrar prá ele cuidar do monstro.
Um belo dia, o chefe chegou de inopino, (ou como diria um instrutor da Escola de Formação de Soldados “ainopaino” ou sine dei “saineday”, mas isso é outra estória) e pegou o veterano no exato momento em que aplicava sonoro pontapé no cachorro.
Diante de tal atitude o Chefe, prendeu o ordenança.
_ Estás preso por maltratar o animal, e estou te passando a pronto. E saiu para uma reunião com o pessoal do Lyons e Forças vivas da cidade que aguardavam na Sala contígua.
O Ordenança, apavorado. Tentando caminhar na posição de sentido, com os braços colados ao longo do corpo, junto a perna, balançava a cabeça, e exclamava aos berros pelo corredor, para que toda a Unidade ouvisse:
_ O senhor não pode fazer isso comigo, saiba que eu sou apaixonado e adoro o “seu tiquinho”.
O Cowboy
Nos idos de antigamente, antes da promulgação da constituição, o que imperava nas ações de polícia, era a lei do “prendo e arrebento”, alguns tem saudade desse tempo, menos mal que os ventos da democracia bafejam as mentes arejadas que um dia ocuparão cargos de Comando.
Pois, numa noite fria e chuvosa, foi comunicado através do 190, que na Av. Perimetral da cidade havia, num terreno onde estava sendo construído (hoje) um dos maiores edifícios do país, diversos elementos consumindo drogas naquele local.
Foi despachada, a fim de atender a ocorrência a guarnição do nosso personagem, apreciador nato da canha pura, forte e sem mistura, já à meia-guampa. Ao chegar no local, o portão estava trancado com um cadeado e uma grossa corrente.O brigada desceu da viatura viu o cadeado e berrou para o patrulheiro.
_ Te afasta, que vou fazê que nem nos filme de mocinho.
Ato continuo, sacou do 38 e babou a balaço o portão, visando estourar o cadeado.
O Velho
O Alemão era um sarro, tava sempre de bom humor e gostava de tomar trago, e por ironia morreu sóbrio.
Certa feita, quando chegou à seção ,o chefe novo, pediu para reunir o pessoal a fim de conhecer e explanar suas metas e planos de trabalho.
Após a apresentação de cada um, a conversa passou para a informalidade, definindo-se que ao final de cada mês faríamos à confraternização da Seção.
Foi quando o alemão falou:
_ Só vou se puder levar o velho.
O chefe muito família, emocionado, respondeu:
- Claro, seu Guilherme é lógico que o senhor pode levar seu pai.
O alemão com a maior cara de pau, explicou.
- Não, senhor, é o Velho Barreiro (*), que sem ele não tem festa.
O Jogo
Em 1986, tínhamos na 3ª Cia do 9ª BPM, um time de futebol formado por Cb e Sd, quase imbatível, uma das melhores safras produzidas na Escola de Formação, que mesclava aos demais existentes na Companhia, sagrou-se diversas vezes Campeão, nas competições nas quais tomou parte.
Na final memorável contra o 1º BPM, no estádio da APM, devido a campanha ao longo do torneio, era preciso só um empate para sermos campeões.
Foram tomadas todas as providências para a equipe obter o êxito almejado, tais como: dispensa do serviço, alojamento para concentração da equipe, alimentação especial.
O jogo tava uma “fumaceira”, as duas equipes jogando pelo pão, iam na bola com gana e “téson de voluntad” como dizem os castelhanos. Terminando o primeiro tempo zero a zero.
No segundo tempo, aos 15 minutos, foi marcado um pênalti duvidoso contra nós e 1x0, para os homens.
Inferiorizado no placar, providenciei na substituição de um meio campista, por mais um atacante, que pro causo, era um Sd indisciplinado, vida torta, mas de bola sabia tudo e mais um pouco.
Aos 46 min, já nos descontos, ela apanhou a bola no nosso campo, driblou meio time adversário, deu um chapéu no goleiro, ficando com o gol escancarado para o empate.
Súbito, veio da arquibancada, um grito:
_ Chuta em gol, Negão!
O nosso craque, reconhecendo a voz do Cmt, que prestigiava o jogo, lembrou-se das cadeias e prontamente, ficou em posição de sentido.
_ Sim senhor, Cmt!
Assinar:
Postagens (Atom)