MADRUGADA
No meio desta cidade que pulsa ao redor
A saudade dói e corrói como ácido
O vento da madrugada uiva nos meus ouvidos,
batendo de encontro ao rosto
Aguçando o sexto sentido
Máscaras de granito e ferro
Luzes frias e insensíveis balouçam
Passos ressoam na calçada
Risos vagos e ilusórios
Mulheres vendem o corpo por migalhas de amor
Seres indefinidos e tristes
A marginália circula livremente
O racismo salta aos olhos dos homens da Justiça
E, ser negro é crime!
A cor da pele o estigmatiza
A chacota e o ridículo doem mais que mil chibatadas
ou ferro ardente em brasa
Os bêbados vomitam verdades no rosto da sociedade perplexa
Os órfãos do destino imploram pão
ao cavalheiro que passa impassível e célere
Moedas piedosas caem em minhas mãos
Palavras de escárnio e "conforto"
Sou mais um inválido
Cego ... e terrivelmente só
COVIL
Quando os homens abandonarem
o aconchego das cobertas e a comodidade do cansaço
descerem das camas quentes, sentando na beira da calçada
nas madrugadas geladas para admirarem a lua e as estrelas
talvez, sejam mais felizes
Mas, infelizmente não é assim
somos filhos da pressa apressada
suamos enlatados nos coletivos
brigamos todos por um lugar ao sol
Minha casa já não me pertence
meus filhos não conheço-os
amor feito às pressas
sem gozo, sem calma
obrigação, nada mais!
As ruas passam, os meses, os anos
continuamos na mesma
as luzes dançam em ritmo acelerado
Metrópole, Megalópole
qual lobo ferido e acuado
perdido na selva medonha
gravata e terno de aparências
relógio-ponto, senhor implacável
café amargo, antídoto sereno
cercas e muralhas de papéis-oficio
Nós lutamos contra o tempo.
JOAO DE DEUS VIEIRA ALVES
28/04/2013 22:52 - Vanderlei Pinheiro [não autenticado*]
ResponderExcluirConsolidou um novo conto. Deve estar em preparo uma plaqueta ou opúsculo sobre causos profissionais. Estou no aguardo.
Para o texto: Froid explica... (T4263157)
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